Apresentação

Dos 12 diferentes tipos de constituintes elementares da matéria, o neutrino é, sem dúvida, o mais intrigante e enigmático. Como não tem carga elétrica e é também indiferente à força que une os núcleos atômicos, praticamente não interage com a matéria, atravessando tudo que passa por sua frente e viajando pelo espaço sem ser incomodado. O neutrino foi proposto em 1930 para conservar o balanço de energia (que estava faltando) numa reação. Mas, por muito tempo, pensou-se que seria impossível comprovar sua existência, tão fugidio que é.

Entretanto, como é produzido em grande quantidade em reações nucleares (como as que ocorrem nas estrelas), o truque usado para detectá-lo foi fazer uma experiência próxima a um potente reator nuclear, pois neutrinos são produzidos em grande número em processos de fissão de núcleos atômicos e, vez por outra, um acaba interagindo com a matéria do detector.

Mais tarde, descobriu-se que existem três diferentes tipos de neutrinos, o último deles tendo sido descoberto em 2000. Inicialmente previstos como partículas sem massa, os neutrinos nos surpreenderam mais uma vez, quando ficou evidente que não só tinham massa, mas também se transformavam uns nos outros, mudando de ‘aparência’ como um camaleão. Mas a estranheza dessa partícula não acaba por aí.

Desconfia-se agora que os neutrinos possam ter algo a ver com o sumiço da antimatéria do universo. Com tantas questões em aberto sobre os neutrinos, parece que o estudo dessa partícula será um dos temas mais importantes da física neste início de século. Neste folder, pretendemos mostrar ao leitor por que essas partículas não param de nos surpreender.


Jõao dos Anjos
COORDENADOR DO PROJETO DESAFIOS DA FÍSICA